quinta-feira, 30 de julho de 2009

Um fato curioso

Um fato curioso


Um fato curioso, como muitos em meu dia-a-dia, chamou minha atenção tempos atrás. Em seu segundo ano, o 2º Concurso de Fotografia da Faculdade do Triângulo Mineiro, a FTM, obteve uma fotografia vencedora. Com o tema “História da Nossa Terra”, o intuito, bastante significativo por sinal, era de que os participantes lançassem um olhar mais histórico sobre a nossa Ituiutaba. Ponto positivo, haja vista que a intervenção dos participantes em sua terra natal nos mostrou uma cidade cujos maiores locais de destaque passam despercebidos pelos olhares que se dividem entre os carros que cruzam afoitos o trânsito, e o relógio que coordena, com disciplina militar, o andado por entre as ruas principais da cidade.
Com o total de 27 fotos inscritas (pequena quantidade para uma cidade a qual possui alguns milhares de habitantes) o concurso teve como foto ganhadora uma duvidosa fotografia... Quem teve a oportunidade em vê-la, logo percebe uma coisa: a casa representada é aquele casarão que todo mundo nota ao passar pelo cruzamento da 26 com a av. 15:



De fato, a casa evidencia os tempos idos, seja por sua arquitetura, seja pelas histórias que ouvimos quando pequenos daquele mesmo lugar. Isso é o sinal de que a história anda de mãos dadas com nossas vidas, só que não a notamos tão evidente. Para que essa [a história] se torne evidente principalmente em uma fotografia acredito que não basta o amarelado do papel, ou muito menos captar uma edificação antiga: antes de tudo é preciso o olhar.
Ao dizer isso, não quero parecer um velho rabugento que só reclama da vida– ao contrário, quero olhares que me dêem coisas novas ao que pensar! Nada mais coerente, não é mesmo? Além do mais, pensar é a melhor forma de prevenir o Alzheimer, sabiam? E, na minha rabugice de velho, creio que aquela não era a melhor foto para me pôr diante do meu passado vivido em Ituiutaba, muito menos uma fonte para me prevenir do Alzheimer... Conquanto que fosse melhor fotometrada (observada a condição da luz no momento em que se tirou a foto) e tido um enquadramento mais digno (resultado de horas pensando em qual melhor meio para tirar a foto), eu poderia achá-la interessante...
Mais um devaneio – a fotografia, sobretudo hoje, não é apenas fazer “clique!” no disparador. Não é, da mesma forma, puramente um registro histórico de uma determinada época. Basta olhar para as fotografias de Sebastião Salgado, Steve Mccurry, Cartier-Bresson, Eugene Smith, Araquém Alcântara etc. que logo percebemos a realidade da própria foto, ou seja, elas possuem algo que nos atrai, que nos chama a atenção e sensibiliza. E isso não está naquilo que ela representa, mas está no modo como lançamos os nossos olhares para o objeto de nossa atenção – o mundo! Essa é a condição que coloca em contato todos os homens ao olharem uma fotografia com a de Steve Mccurry de uma refugiada afegã tirada em 1985:





A foto, de autoria Steve McCurry, foi feita com um Kodachrome








Mas é óbvio: minha crítica não deve ser entendida contra a pessoa do fotográfo, longe disso. Ou melhor, deve-se voltar para a banca examinadora. Pressuponho que essa [a banca] tenha sido composta no mínimo por especialistas no que estão julgando: quem melhor do que um médico para julgar os erros ou acertos de um colega de profissão?
Deixando a rabugice de lado, gostaria de fazer valer alguma fotografia que passou despercebida:


Sinceramente, essa me deixou (e a todos que mostrei) sem palavras... A imagem parece falar mais do que mil julgamentos. Por ser um apaixonado por retratos, gostei muito da fotografia com o título: “Pedrão, um memorial ituiutabano”. E teve algumas mais que, em minha opinião, devessem ser mais bem analisadas sem o peso de estamparem o GuiaSei. No entanto, como o concurso já passou, essas minhas palavras passarão sem o menor alvoroço, como a uma folha que se deixa levar pela brisa da manhã. O que espero, pois, é que a fotografia seja levada mais a sério. Não como um simples meio de representar ‘velhos’ patrimônios públicos esquecidos, mas que faça mais que isso: que nos leve a repensar a trivialidade de nosso de dia-a-dia (e, consequentemente, a prevenir o Alzheimer!).

Sem mais delongas,

Alcibíades Nihil.

5 comentários:

  1. Poxa Anésio concordo com vc.Isso é a essencia de itba???
    Beijo

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  2. Bacana a materia, e eu acho muito linda essa foto da refugiada, otima mesmo. Abraços!

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  3. Menino Anésio

    Foto perfeita ...
    Super a foto mexeu comigo, simplesmente Apaixonante !

    Parabenizo o blog pela forma como a fotografia é tratada.Clareza, concisão e bom humor são características presentes acerca de assuntos inicialmente classificados Triviais mais que são carregados de sentidos e emoções,Elaborando Textos e ou poesias Criativas e Eficazes .
    “A mente que se abre a uma nova idéia jamais voltará ao seu tamanho original”.
    Albert Einstein
    Sucesso !!

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  4. A foto de Steve McCurry é interessante. Já tinha visto a foto dessa menina em algum lugar. É essa que hoje ela está bem velha???

    abração Anésio!

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  5. Não tem como uma visita de Alcibíades passar despercebida com este verde, expressivo. O que a menina-do-olho não deve ofuscar é o olhar, especialmente o Ituiutabano, ao texto...sempre em busca da prevenção do Alzheimer!rs...
    Abraço!

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